residents enjoying coffee
Por Yudit Setz
Traduzido por Julia La Ferrera

Aqui está o mais recente do Lar da ICEJ exclusivo para sobreviventes do Holocausto em Haifa.

Primavera no ar
Depois da chuva e do frio do inverno, o clima mais quente faz tudo florescer aqui no norte de Israel. A primavera está no ar! Israel está tão fresco e verde novamente.

survivors looking at flowers

Muitos de nossos residentes anseiam por ver as flores desabrochando na natureza, mas algumas são fracos demais para irem sozinhos. Eles ficam em casa dia após dia, mas querem sair e ver algo novo. Alguns costumavam ter seus próprios jardins e adoravam flores.

Não muito longe de Haifa fica o Kibutz Ygur, localizado nas encostas do Monte Carmelo, que possui um grande viveiro e uma estufa cheia de flores coloridas. Este foi um lugar maravilhoso para levar um grupo de nossos residentes que apreciam a beleza das flores e queriam tomar uma xícara de café na pequena cafeteria do viveiro.

Para Sofia, o passeio foi um bálsamo para a alma. “Essas flores não trazem apenas alegria aos meus olhos, mas enchem minha alma de alegria”, exclamou ela.

Uma de nossas residentes que usa cadeira de rodas, Julia, chegou recentemente da Ucrânia com seu filho. “Não sabia que Haifa era uma cidade tão grande”, disse ela. “A única coisa que vejo é meu apartamento, a sala de jantar e o consultório médico.”

Uma visão panorâmica de Haifa
A equipe da ICEJ também organizou um passeio turístico especial em Haifa para um grupo de residentes. A mudança de ambiente, o clima bonito e a emoção de sair foram uma ótima maneira de eles se unirem, mesmo que nem sempre possam se comunicar no mesmo idioma.

Cable car-Haifa

Haifa foi construída na cordilheira Carmel e em 2022 um teleférico foi aberto ao público. Do teleférico, você pode ver paisagens deslumbrantes de toda a Baía de Haifa e arredores. Nossos moradores ficaram muito animados para experimentar os novos teleféricos e aproveitaram a vista panorâmica do mar, florestas e bairros de Haifa.

Ao chegar ao topo, estávamos todos prontos para visitar o café local antes da viagem de volta montanha abaixo. Todos chegaram a casa um pouco cansados mas cheios de memórias e histórias para partilhar! “Estou tão feliz por poder participar; é muito melhor do que ficar em casa”, disse Emma.

Students taking photos of residents

Dia da Memória do Holocausto
Em preparação para o Dia da Memória do Holocausto em meados de abril, o Lar Haifa recebeu grupos de jovens israelenses ansiosos para conhecer os sobreviventes do Holocausto. Um grupo de adolescentes está estudando fotografia na Reut School of Arts (Escola de Artes Reut) de Haifa e veio com um projeto muito especial em mente; uma exposição dedicada aos sobreviventes. Os alunos passaram um tempo com diferentes residentes do Lar, tirando fotos e capturando sua beleza interior para uma exposição fotográfica dos sobreviventes a ser realizada no Yom HaShoah no Auditório Krieger em Haifa. Os moradores adoraram a chance de serem modelos por um dia! “Fico muito feliz em estar perto desses jovens, que são tão cheios de vida”, disse Zelda, de 91 anos.

Esti telling her story to the group

Festa de Páscoa
Logo antes da Páscoa, muitas organizações trabalham incansavelmente para preparar pacotes de alimentos para famílias carentes e idosos, para que ninguém passe fome durante o feriado de Pessach, que dura uma semana. Muitos voluntários de empresas locais, do exército e da polícia juntaram-se aos nossos residentes na preparação de centenas de pacotes de férias para sobreviventes do Holocausto em Haifa e outras partes do país.

Um grupo de estudantes também veio de uma escola secundária em Mitzpe Ramon, lá no Negev, e conseguiu embalar 200 cestas básicas conosco em duas horas. Em seguida, ouviram Esti, uma de nossas residentes, contar sua história de vida.

Naomi and her adopters

Adotantes suíços visitam Naomi
A família Glauser veio recentemente da Suíça para conhecer Naomi, uma residente de Haifa Home que eles têm apoiado. Naomi os recebeu calorosamente e contou algumas das atrocidades que sofreu durante o Holocausto.

Naomi nasceu em Chernovtsy (hoje na Ucrânia) em 1934. Quando a guerra começou, sua cidade ficou sob ocupação nazista. A família de Naomi foi forçada a ir para um gueto, enquanto seu pai foi levado para um campo de trabalhos forçados. O tio e a tia de Naomi também desapareceram em um campo.

No gueto, a família de Naomi era frequentemente ameaçada por tiros aleatórios e se escondia em um sótão por segurança. Um dia, dois oficiais nazistas espancaram severamente a mãe de Naomi e ordenaram que fossem fuzilados, mas foram poupados e escondidos por vizinhos cristãos até sua libertação pelas forças russas. Acontece que o pai de Naomi ainda estava vivo e eles puderam voltar para casa em 1947, mas suas experiências traumáticas permaneceram com eles.

Apesar de todas as dificuldades da vida, Naomi continua sendo uma pessoa resiliente e sua coragem realmente inspirou a família Glauser.

“Após três anos de contato com a Naomi, pude visitá-la pela primeira vez com minha família”, disse Ursula Glauser. “Foi muito especial ver Naomi, ouvi-la e sentir seu grande coração. Embora tenhamos trazido presentes conosco, sou eu quem vai para casa mais rica por isso. Muito obrigado!”

Apresentando Boris
Boris e Etta vieram morar no Lar Haifa para Sobreviventes do Holocausto há cinco anos. Boris, hoje com 88 anos, nasceu em Zaporozhe, na Ucrânia, em 1934. Aos sete anos, a guerra chegou à sua cidade. Sua primeira lembrança da guerra é quando seu pai correu para o apartamento e gritou algo para sua mãe. Ela só teve tempo de pegar um travesseiro e um cobertor e eles saíram de casa imediatamente.

Boris

Enquanto os soldados alemães entravam em sua cidade, a família correu para a estação de trem no lado oposto da cidade, de onde um trem estava para partir. Eles rapidamente embarcaram em um vagão de carga e se sentaram em uma pilha de palha. Boris lembra que o trem enfrentou ataques aéreos até Moscou. Quando os aviões alemães apareceram, o trem parou e o pai de Boris gritou: “Fora, rápido”. Todos fugiram do trem e se esconderam perto dos trilhos enquanto as metralhadoras disparavam. Quando os aviões partiram, o trem continuou seu caminho.

A família de Boris foi trazida para Omsk, uma pequena cidade na Sibéria. O inverno de 1941-1942 foi extremamente frio, com temperaturas caindo para -40°C. Eles chegaram sem agasalhos e estavam sofrendo com o frio intenso. Boris lembra que certa vez, a caminho da escola, suas orelhas ficaram tão frias que ele passou mal e tem problemas no ouvido desde então.

Quando ainda era um estudante, o antissemitismo era galopante na União Soviética e desde muito jovem Boris teve que lutar para se proteger, apenas porque era judeu. Ele voltava para casa com hematomas por todo o rosto. Seu pai tinha que trabalhar na fábrica militar de manhã cedo até tarde da noite e não podia proteger seu filho.

Após o colegial, Boris se juntou ao exército soviético. Um dia, ele e alguns camaradas tiraram licença sem autorização e, como punição, foram enviados para uma unidade de construção. Lá, ele conheceu pessoas de todo o país, inclusive algumas que não falavam russo. Então, à noite, ele lhes ensinava russo, o que também o ajudou a aprender o básico de vários outros idiomas.

Após o serviço militar, Boris entrou na universidade para estudar idiomas. Terminou os cursos, mas não queria ser professor. Isso irritou as autoridades, que o enviaram para uma aldeia muito distante como punição por seu “caráter rebelde”. Um ano depois, ele voltou para Omsk e começou a trabalhar em uma fábrica no departamento de patentes. Ele viu diferentes invenções feitas em outros países e notou a baixa qualidade dos produtos e da vida na União Soviética.

Quando a perestroika (“reestruturação”) começou no final dos anos 1980, a fábrica onde ele trabalhava foi fechada. Foi uma época difícil e o crime tornou-se galopante. Boris e sua esposa Etta sempre se sentiram estranhos na União Soviética, pois sofreram muito com o antissemitismo. Então, em 1999 eles finalmente decidiram fazer Aliá para Israel.

Eles rapidamente passaram a amar Israel e hoje estão muito felizes por estarem no Lar Haifa. O casal teve que se mudar várias vezes para Haifa e, quando souberam do nosso Lar há cinco anos, ficaram ansiosos para se mudar novamente.

Por favor, considere apoiar nosso Lar Haifa para sobreviventes do Holocausto adotando um dos residentes. Doe hoje em:  give.icej.org/survivors