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A Festa de Shavuot
Por Dr. Jürgen Bühler, Presidente da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

Para o povo judeu, Shavuot (hebraico para “semanas”) marca os eventos descritos em Êxodo 19, quando Deus desceu em chamas de fogo no Monte Sinai e deu os Dez Mandamentos aos israelitas sete semanas após seu êxodo do Egito. Este é considerado o momento em que Israel nasceu como nação, chamada a ser uma “luz para as nações”. (Isaías 49:6)

Para os cristãos, a mesma festa é conhecida como Pentecostes e também lembra os eventos do capítulo 2 de Atos, quando “línguas de fogo” desceram sobre 120 seguidores de Jesus reunidos no Cenáculo, cumprindo sua promessa de que “o Consolador” logo viria para eles. A Igreja nasceu naquele dia e “dotada de poder” para cumprir sua Grande Comissão.

Uma Mensagem Universal

Israelites at Mount Sinai

Os Dez Mandamentos deram à humanidade uma expressão da natureza e do caráter de Deus – Sua santidade e glória. O povo de Deus foi chamado para refletir esse caráter divino em sua vida diária.

A entrega da Lei foi um momento muito inspirador para os israelitas. A Bíblia indica que eles ouviram a própria voz de Deus falando cada mandamento. Tremendo, eles imploraram a Moisés que era demais; que de agora em diante Deus deveria apenas falar com ele e através dele.

A tradição rabínica afirma que cada palavra que Deus falou naquele dia foi como o golpe de um martelo em uma bigorna. A cada batida na bigorna, que era o Monte Sinai, faíscas (ou línguas) de fogo voavam para fora. Um sábio do primeiro século, Rabi Yochanan, perpetuou que ela se dividiu em setenta línguas – combinando com as línguas faladas entre as setenta nações. Em outras palavras, Israel percebeu desde o início que a Torá seria significativa não apenas para os judeus, mas para toda a humanidade.

Não é, portanto, coincidência que “línguas de fogo” mais tarde desceriam sobre a carne humana no Dia de Pentecostes, quando louvores a Deus foram ouvidos por “homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu” e “porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua” (Atos 2:5-6). Como Israel no Sinai, a Igreja recebeu uma comissão universal para sair de Jerusalém até os confins da Terra com uma mensagem de esperança, salvação e amor – baseada no próprio caráter de Deus. Alcançou todo o mundo conhecido naquela época, e hoje pessoas de literalmente todas as nações, tribos e línguas foram adicionadas ao movimento divino desencadeado no Dia de Pentecostes.

Línguas de Fogo

Um dos antigos manuscritos hebraicos encontrados nas cavernas de Qumran é chamado de pergaminho “As Línguas de Fogo”. Os fragmentos que sobreviveram contam como línguas de fogo desceriam sobre o Sumo Sacerdote e falariam através do Urim e Tumim e das pedras no peitoral do Sumo Sacerdote. Flávio Josefo dá uma descrição semelhante de Deus falando ao Sumo Sacerdote iluminando letras gravadas no peitoral. Em outras palavras, para os judeus daquela época, as línguas de fogo representavam o privilégio único do Sumo Sacerdote de se comunicar com Deus.

Que momento, então, para aqueles que viram línguas de fogo descendo sobre os 120 no dia de Pentecostes. O fogo não caiu sobre o Sumo Sacerdote, mas sim sobre pescadores comuns da Galileia, e até sobre as mulheres. A mensagem era clara: Deus queria se comunicar com todos. Assim Pedro levantou-se e citou o Profeta Joel: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão”. (Atos 2:17-18)

Tábuas de Pedra

No primeiro Pentecostes no Sinai, Moisés desceu com “tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”. (Êxodo 31:18) Quando o Espírito Santo mais tarde desceu sobre os primeiros crentes em Jesus, Ele veio para escrever as leis de Deus no coração humano. Essa é a essência central da Nova Aliança, de acordo com Jeremias 31:33 (veja também Hebreus 8:10; 10:16). Mesmo o pagão mais desesperado pode ser transformado para mostrar o próprio caráter de Deus. Paulo diz: “estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.” (II Coríntios 3:3).
 
Isso foi visto de forma mais poderosa nos discípulos, que pararam de temer o homem e de discutir sobre quem era o maior entre eles, e se uniram com “um só coração e uma só alma” para proclamar o Evangelho com ousadia.

Pentecostes significa que Deus pode transformar nossas vidas. Que o Espírito Santo desça novamente sobre nós com fogo!