Por David Parson, Vice-Presidente & Porta-Voz Sênior da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

Os cristãos desconhecidos que ajudaram no renascimento de Israel há 60 anos.

No próximo ano, Israel celebrará o 75º Aniversário de seu renascimento como nação em 14 de maio de 1948. Este importante evento foi possibilitado pela aprovação do Plano de Partilha das Nações Unidas para a Palestina seis meses antes, em 29 de novembro de 1947, que deu legitimidade internacional para a fundação de um estado judeu na histórica Terra de Israel.

Na próxima terça-feira completam-se 75 anos da aprovação daquele Plano de Partilha pela ONU por uma margem de 33 votos a 13, com 10 abstenções. Este deveria ser um dia de celebração também para Israel e seus amigos em todo o mundo. Mas os palestinos o transformaram em um dia de protestos globais contra o sionismo e um dia para aprovar inúmeras resoluções anti-Israel na sede da ONU em Nova York.

Em 29 de novembro da próxima semana, podemos esperar que cerca de 15 resoluções anuais anti-Israel sejam aprovadas mais uma vez na Assembleia Geral da ONU. Tudo isso é injusto e injustificado, mas duas resoluções em particular são de grande preocupação devido aos danos que causam durante todo o ano a Israel. Essas duas resoluções reautorizam e financiam duas instituições dentro do próprio Secretariado da ONU que trabalham constantemente para deslegitimar Israel e produzir propaganda hostil ao Estado judeu. Refiro-me à Divisão de Direitos Palestinos do Secretariado da ONU (DPR) e ao Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino (CEIRPP). E há muitas nações em todo o mundo com comunidades evangélicas significativas que deveriam estar trabalhando para mudar os votos da missão diplomática de sua nação na ONU para derrotar essas resoluções odiosas.

No Webinar Semanal da ICEJ na quinta-feira (24/11/22), nosso convidado Gil Kapen, que atua como diretor executivo do American Jewish International Relations Institute – B’nai B’rith International (Instituto Internacional de Relações judaico-Americanas – B’nai B’rith Internacional), explicou que a aprovação dessas resoluções significa que as nações do mundo estão pagando ao escritório do secretário-geral da ONU para publicar e distribuir severos materiais antissemitas diariamente. É hora de parar com essa farsa e de 29 de novembro voltar a ser um dia para celebrar a fundação de Israel, não para pedir seu fim. Isso é especialmente verdadeiro para os cristãos quando consideramos o papel único que certas figuras cristãs desempenharam na aprovação do Plano de Partilha da ONU e no renascimento de Israel há cerca de 75 anos.


Uma decisão de “vida e morte”
O Plano de Partilha da ONU, aprovado em 29 de novembro de 1947, abriu o caminho para a independência de Israel apenas seis meses depois. Também enfureceu os líderes árabes que lançaram uma invasão para sufocar o Estado judeu em seu nascimento. Uma revisão desses eventos momentosos revela o poder e a intriga de grandes nações confrontadas com corajosos sionistas, que triunfaram com a ajuda de alguns amigos cristãos desconhecidos.

Com os confrontos árabe-judaicos aumentando na Palestina, a Grã-Bretanha de repente anunciou em fevereiro de 1947 que seu mandato era “impraticável” e encaminhou o assunto para as Nações Unidas. Onze estados membros foram nomeados para o Comitê Especial da ONU sobre a Palestina (UNSCOP) para conduzir um inquérito e propor uma solução.

O UNSCOP veio à Palestina para investigar, em junho de 1947. As autoridades do mandato tentaram impedir sua missão de apuração de fatos, mas o comitê reuniu habilmente informações de todas as partes, incluindo os movimentos clandestinos judeus. Eles ficaram impressionados com os avanços dos judeus na terra. Eles se encontraram em Beirute com líderes árabes intransigentes que se recusaram a aparecer em Jerusalém. Finalmente, antes de se retirar para Genebra para redigir um relatório, o comitê visitou alguns dos 250.000 judeus em campos de refugiados europeus, que declararam unanimemente seu desejo por Eretz Israel.

A situação desses refugiados judeus pesava muito no comitê. Esforços desesperados para trazê-los para a Palestina foram bloqueados pelas políticas pró-árabes da Grã-Bretanha. A triste provação do navio Exodus ’47, lotado com 4.500 sobreviventes do Holocausto indigentes, chamou a atenção do UNSCOP naquele verão.

Rev. John Grauel

O Rev. John Grauel, um simpatizante cristão da causa sionista, ofereceu-se como o único membro da tripulação não-judeu e testemunhou os ataques britânicos ao Exodus ’47 ao largo de Haifa. Ele correu para Jerusalém e deu testemunho convincente perante o comitê; como o navio foi abalroado sete vezes, depois abordado por marinheiros armados que atiraram e espancaram até a morte meninos indefesos.

“O Exodus não tinha armas”, insistiu o Rev. Grauel. “Tudo com o que eles lutavam eram batatas, enlatados e seus punhos nus.” Os refugiados eventualmente foram devolvidos à Alemanha. A tragédia se estendeu por vários meses diante de uma audiência mundial, alimentando o crescente senso de missão humanitária do comitê.

Rev. William Hull

O Rev. William Hull também impactou o UNSCOP naquele verão, especialmente o delegado canadense, Juiz Ivan Rand. Também do Canadá, o Rev. Hull havia ministrado em Jerusalém desde 1935 e sabia em primeira mão das injustiças cometidas sobre o Yishuv por britânicos e árabes. Certa noite, durante o jantar, o juiz Rand ouviu as opiniões de Hull e mais tarde admitiu que o encontro esclareceu sua compreensão da disputa e lhe deu uma nova apreciação pelos esforços sionistas. Hull também apresentou suas visões bíblicas e pró-sionistas em uma carta ao comitê completo. Justice Rand era um membro respeitado do comitê e, como o Canadá fazia parte da Commonwealth, suas tendências antibritânicas tinham grande influência. Um representante da Agência Judaica chamou Rand de “a consciência do comitê”.

Refletindo a influência de Hull, Rand assumiu uma posição firme: “A promessa relativa a um lar nacional judaico nunca foi cumprida… Nos últimos dez anos, a imigração e a compra de terras foram artificialmente restritas, e a comunidade judaica teve que permanecer estática. É claro que se não fosse o Livro Branco (de 1939) e a legislação de terras, os judeus teriam áreas muito maiores do que têm hoje.”

O embaixador guatemalteco Jorge Garcia-Granados, membro da UNSCOP e veterano da luta de seu próprio país pela liberdade, entendeu o real significado do retorno judaico. Em The Birth of Israel (O Nascimento de Israel), Granados escreve sobre as boas-vindas entusiásticas do UNSCOP em Tel Aviv naquele verão.

“Contemplei a enorme massa humana enchendo a praça e transbordando pelas ruas… ainda aplaudindo, ainda aplaudindo… Foi então que eu realmente percebi o que a vinda de nosso comitê significava para o povo judeu. Tínhamos em nossas mãos a vida ou a morte.”

A maioria do UNSCOP recomendou acabar com o papel da Grã-Bretanha na Palestina, dividindo-a em estados judeus e árabes separados com laços econômicos e colocando Jerusalém sob uma tutela internacional. O Plano de Partilha da ONU (Resolução 181) foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 29 de novembro de 1947.

A Agência Judaica aceitou esta decisão, mas os árabes lançaram uma resistência armada ao plano. Quando o Mandato Britânico terminou em 14 de maio de 1948, a luta árabe-judaica resultou em uma divisão, de fato, de Eretz Israel e o povo judeu estava prestes a declarar o renascimento de sua antiga nação.

No início de 14 de maio, o último comandante britânico em Jerusalém baixou a Union Jack (bandeira britânica) e partiu para Chipre. Às 16h, Ben-Gurion levantou-se para falar à multidão reunida dentro do Museu de Arte de Tel Aviv. As bases morais e legais para o novo estado foram estabelecidas pela “Declaração Balfour, a Resolução de Partição da ONU, o sacrifício dos pioneiros sionistas e o tormento sofrido pelos judeus nos últimos anos”. Lendo a Declaração de Independência de Israel, ele proclamou:

“A Terra de Israel foi o berço do povo judeu. Aqui sua identidade espiritual, religiosa e nacional foi formada. Aqui eles alcançaram a independência e criaram uma cultura de significado nacional e universal. Aqui eles escreveram e deram a Bíblia ao mundo. Exilado da Terra de Israel, o povo judeu permaneceu fiel a ela em todos os países de sua dispersão, nunca deixando de rezar e esperar por seu retorno e a restauração de sua liberdade nacional”.

O estado judeu alcançaria em paz todos os seus vizinhos e assumiria seu lugar de direito entre a comunidade das nações.

Mais tarde naquele dia, a ONU se reuniu novamente em Nova York para considerar propostas árabes de última hora destinadas a evitar um estado judaico iminente. No meio do debate, a delegação americana foi surpreendida por rumores de que o presidente Truman acabara de reconhecer de fato o novo Estado de Israel às 18h11. Momentos depois, o delegado dos EUA foi à tribuna para confirmar oficialmente o reconhecimento americano. Não havia mais necessidade da sessão especial da ONU. Mas antes de encerrar, o embaixador Garcia-Granados, apenas alguns meses antes um membro-chave da UNSCOP, levantou-se para anunciar a Guatemala como o segundo país a reconhecer o novo Estado de Israel.

CERTIFIQUE-SE DE ASSISTIR ao Webinar semanal da ICEJ sobre os votos da ONU contra Israel na quinta-feira, 24 de novembro de 2022, com o vice-presidente de Assuntos Internacionais da ICEJ, Dr. Mojmir Kallus e o vice-presidente e porta-voz sênior da ICEJ, David Parsons, com o convidado Gil Kapen, executivo Diretor do American Jewish International Relations Institute – B’nai B’rith International.