Haifa Home Hebrew Class

Por Yudit Setz
Traduzido por Julia La Ferrera

O Lar da ICEJ para sobreviventes do Holocausto em Haifa tem 17 novos residentes que chegaram recentemente a Israel vindos da Ucrânia. A maioria não escolheu voluntariamente fazer Aliá, eles foram forçados a fugir de suas casas, amigos e tudo o que conheciam e vieram para Israel com apenas uma mala de pertences. Além de precisar de um lugar para morar, roupas e outros itens básicos, sua maior necessidade é se conectar com outras pessoas, até mesmo encontrar uma comunidade onde possam criar raízes na Terra de seus antepassados.

A língua dos profetas

Muitos desses novos residentes falam apenas ucraniano e russo, enquanto alguns sabem um pouco de inglês. Às vezes, eles se sentem impotentes por não conseguirem se comunicar com os outros, ler os nomes das ruas ou escrever seu próprio nome para os israelenses locais.

Decidimos enfrentar esse desafio oferecendo-lhes aulas de hebraico no lar de Haifa. Nossa mais nova funcionária da ICEJ, Maria, é professora e começou a ensinar hebraico para esses preciosos sobreviventes.

Depois de dominar o alfabeto hebraico, eles começam lentamente a aprender palavras e recebem deveres de casa para fazer, e eles adoram!

Um ‘estudante’ idoso comentou: “Somos muito abençoados por ter nossas aulas aqui. Muitas pessoas gastam muito tempo indo a algum lugar para ter aulas de idiomas, mas podemos estudá-lo quase em casa. Nossa professora realmente quer que tenhamos sucesso e aprendamos hebraico. É tão bom!”

Outro novo morador da Ucrânia agradeceu a nossa equipe pelo trabalho que estamos realizando, dizendo: “Aprender hebraico é muito importante, mas não importa se o aluno aprende fluentemente ou não. O mais importante é que nos comuniquemos, nos juntemos e criemos uma comunidade. Ao fazer isso, você está tornando nossas vidas mais longas.”

Ainda outra aluna estava ansiosa para compartilhar sua empolgação com as aulas de hebraico.

“Quando o rapaz da manutenção veio consertar alguma coisa em minha casa, eu ofereci a ele alguns bolos, que ele não quis. No entanto, ele me disse que gostaria de um pouco de “mayim” (água) e pela primeira vez entendi o que ele queria! E eu dei a ele um copo d’água.

Conheça Rivka
Agora é hora de saber mais sobre Rivka, uma das nossas mais novas residentes no Lar Haifa, que atualmente tem 85 anos. Por favor, acompanhe enquanto ela conta sua história de sobrevivência ao Holocausto…
 
“Nasci na Romênia, na cidade de Iasi, que sofreu o pior dos pogroms da Romênia. Dez mil judeus encontraram a morte lá em 1941. Antes do início da guerra, morávamos em uma bela e grande casa com um lindo jardim que minha avó comprou com ouro. Meu pai trabalhava incansavelmente como gravador de madeira e era um homem rico. Quando os alemães chegaram, fomos expulsos de casa e ficamos sem nada. Pessoas de áreas rurais foram transferidas para nossa casa.

Após o despejo, tivemos que alugar apartamentos e mudamos várias ruas durante esse período. No inverno de 1941, meu pai foi enviado para trabalhos forçados na cidade de Alba Iulia. Minha mãe foi deixada para cuidar de si mesma e de seus três filhos.

Quando meu pai voltou, ele estava muito doente. Ele havia perdido metade de seu peso e era um homem derrotado. Ele também voltou com asma, que o afetou pelo resto de sua vida.

Depois da guerra, não nos foi permitido partir para Israel. Algumas pessoas, como meu irmão, chegaram a Israel de qualquer maneira, então chamada de “Palestina”, passando por vários outros países, mas foram impedidas de entrar pelos britânicos e enviadas para Chipre.

Enquanto isso, minha família e eu ficamos na Romênia, na cidade de Bucareste. Enquanto esperávamos, os tempos não eram fáceis, pois quase não havia comida. Em 1950, finalmente recebemos passaportes e pudemos partir. Navegamos para Israel e chegamos três dias depois. Eu tinha 12 anos e meio. Ao chegarmos, fomos pulverizados contra piolhos e depois enviados para Atlit, onde fomos alojados em uma residência que antes pertencia ao exército inglês. Cada família recebeu um cobertor. Eu me lembro, meu pai trouxe duas caixas de laranja vazias e minha mãe colocou uma toalha sobre elas e essa era a nossa mesa de jantar. Independentemente disso, meu pai disse: “É tão maravilhoso estar em Israel!”

Moramos em Atlit por oito meses e depois fomos transferidos para Tirat HaCarmel, onde ficamos em uma barraca. Depois disso, moramos em um galpão por dois anos, até que finalmente fomos alojados definitivamente. Mais tarde, conheci meu marido Eliezer, um sobrevivente do Holocausto também da Romênia. Morávamos em Tirat HaCarmel e tivemos dois filhos, dos quais temos quatro netos.

Dois anos atrás, meu marido teve um caso muito grave de demência e teve que ser transferido para uma casa de repouso. Morar sozinha era difícil para mim, então finalmente tomei a decisão de me mudar para o Lar Haifa. Soube dele pelo meu primo, que já mora aqui há dez anos.

Não tenho palavras. Fui recebida tão lindamente. Já tenho um grupo de amigos e me sento com eles todos os dias depois do jantar para conversar sobre todos os tipos de assuntos que são importantes para nós. Se eu soubesse antes como era este lugar, teria me mudado para cá anos atrás!”


Celebrando Aniversários
No Lar Haifa para sobreviventes do Holocausto, todo aniversário é especial e uma vitória de vida! Para os moradores, cujas idades variam de 80 a 90 anos, chegando perto ou passando dos 100 anos, muitos não esperam mais envelhecer, mas o aniversário é comemorado mesmo assim!

Resident congratulates Chaya

A equipe de funcionários e voluntários da ICEJ se encarrega de comemorar todos os aniversários e visitar o aniversariante com música, balões e um cartão personalizado só para eles.

“É incrível que todos vocês tenham vindo me surpreender assim”, disse a moradora Emma Kleiner em seu aniversário. “Faz uma pessoa não se sentir tão sozinha.”

É importante para nossa equipe que nossos residentes se sintam vistos, cuidados e animados.

“Não se trata de presentes ou bolo”, disse Chaya, que acaba de comemorar seu aniversário de 90 anos. “É a atenção pessoal que importa para nós.”

Considere fazer parceria conosco para cuidar desses preciosos sobreviventes do Holocausto doando em: give.icej.org/survivors