Por Yudit Setz

É com grande satisfação que trazemos a você uma atualização sobre o Lar especial da ICEJ para sobreviventes do Holocausto em Haifa. A primavera chegou e aqui estão as novidades.

Inauguração do Cantinho da Beleza
Graças ao generoso apoio da ICEJ-Áustria, os sobreviventes do Holocausto que vivem em nossa Casa em Haifa agora têm um Salão de Beleza maravilhosamente renovado – um lugar especial onde homens e mulheres podem relaxar, se refrescar e desfrutar de um pouco mais de cuidado. Em pouco tempo, 15 residentes já se sentaram na cadeira, fizeram o cabelo ou as unhas e saíram sorrindo!

A transformação do espaço foi notável. O que antes era apenas um cômodo simples agora é aconchegante e acolhedor, com paredes recém-pintadas em cores suaves e relaxantes. A iluminação nova e brilhante preenche o espaço, os espelhos revestem as paredes e as confortáveis cadeiras de salão convidam os residentes a se sentar e aproveitar a experiência. Cada detalhe, desde as ferramentas de modelagem até as cores de esmalte cuidadosamente escolhidas, foi selecionado com amor e cuidado.

A grande inauguração foi repleta de entusiasmo, conversas e muitas risadas. Duas de nossas queridas residentes tiveram a honra de cortar a fita vermelha. Ao entrarem, elas e as outras mulheres do Haifa Home exploraram cada canto, admirando a transformação com olhos arregalados e grandes sorrisos. O espaço não era apenas novo, parecia um presente, um lugar onde elas podiam se sentir bonitas e bem cuidadas.

Para muitos de nossos residentes, a vida tem sido repleta de dificuldades e perdas, mas este salão oferece algo simples, porém poderoso: a chance de se sentirem revigorados, valorizados e elevados. Um novo corte de cabelo, uma manicure ou pedicure bem feita pode parecer algo pequeno, mas para eles significa serem vistos, receberem cuidados e serem lembrados de que são importantes. Um residente, depois de dar uma olhada, expressou com entusiasmo: “É tão incrível aqui. Obrigado a todos vocês por se esforçarem”.

Para tornar essa experiência ainda mais especial, recebemos no Home um cabeleireiro talentoso e um especialista em unhas. Trabalhando com o mesmo carinho que temos pelos residentes, eles já causaram um belo impacto por meio de conversas e incentivo gentil a cada pessoa que se senta em sua cadeira.

Esse salão é um espaço onde nossos residentes podem se sentir melhor, onde podem respirar fundo e desfrutar de um momento só para eles. A conveniência de ter um salão no local evita que os residentes tenham que pegar um táxi para ir ao cabeleireiro ou fazer as unhas. É uma maneira pequena, mas significativa, de mostrar a eles que são amados e queridos.

Somos profundamente gratos à ICEJ-Austria e a todos aqueles que tornaram isso possível. Graças a vocês, nossos residentes têm mais um motivo para sorrir, e a alegria deles toca a todos nós.

Homenagem aos nossos cuidadores
Quando nossos residentes precisam de ajuda 24 horas por dia, 7 dias por semana, muitos têm um cuidador estrangeiro que vive com eles. Nossa comunidade no Haifa Home inclui não apenas 50 sobreviventes do Holocausto, mas também um grupo dedicado de 18 cuidadores. Esses cuidadores vêm de vários países para acomodar os diferentes idiomas falados por nossos residentes. Eles vêm da Ucrânia, da Índia, do Uzbequistão, do Sri Lanka, da Moldávia e das Filipinas.

Muitos cuidadores vêm de contextos econômicos difíceis, muitas vezes deixando suas próprias famílias para trás em busca de melhores oportunidades para seus filhos. Seu trabalho é exigente, pois cuidar de idosos sobreviventes requer paciência, força e profunda compaixão. Apesar desses desafios, eles desempenham suas funções com uma dedicação extraordinária. Longe de casa e frequentemente se sentindo isoladas, elas carregam não apenas o peso de suas responsabilidades diárias, mas também a preocupação com seus entes queridos em casa.

Eles frequentemente compartilham suas histórias sobre dificuldades com os residentes ou com suas famílias em casa, mas continuam a dar o melhor de si, dia e noite.

Reah, das Filipinas, recentemente compartilhou seu coração, dizendo: “Quando podemos lhe contar nossos problemas e você nos ajuda a encontrar soluções, isso alivia muito o estresse que carregamos.”

Queríamos homenageá-los com um evento especial organizado só para eles!

A história de Gênesis 16 parecia tão adequada. Ela conta a história de Hagar, que fugiu porque Sara a tratava mal. No caminho para o Egito, o Anjo do Senhor a encontrou em uma fonte e falou com ela. “Então ela chamou o nome do Senhor que lhe falava: ‘Tu és o Deus que vê’…” (Gênesis 16:13).

A mensagem que queríamos transmitir é que nós os vemos, e Deus também os vê.

Para mostrar a esses cuidadores o quanto eles são valorizados, um dos membros da nossa equipe fez biscoitos em forma de anjo com corações dourados e os presenteou a cada cuidador. Foi um gesto pequeno, mas com um significado profundo. Muitas lágrimas escorreram quando eles perceberam que seus sacrifícios, lutas e amor pelos residentes eram realmente reconhecidos e apreciados.

“Muito obrigado pela maravilhosa surpresa e pelo reconhecimento de nosso trabalho árduo e dedicação. Foi uma surpresa inesquecível”, disse um cuidador.

Cuidar daqueles que ajudam a atender às necessidades específicas desses sobreviventes só melhora nosso nível de atendimento aos residentes do Haifa Home. Esses cuidadores dão tudo de si todos os dias, e somos gratos pela oportunidade de lembrá-los de que eles são vistos.

Comemorando a vida
Miriam nasceu na Polônia e viveu em guetos e campos de concentração desde setembro de 1939 até chegar ao campo de extermínio de Auschwitz, de onde foi libertada no final da guerra, em 1945. Recentemente, comemoramos seu 103º aniversário. Embora seja cada vez mais difícil para Miriam se comunicar com palavras, a linguagem do amor nunca deixa de colocar um sorriso em seu rosto.

Nunca se é velho demais para aprender
Como é emocionante ver 15 residentes, todos com mais de 80 anos, estudando hebraico em nossas aulas de idioma “ulpan”. Estudar em uma idade avançada traz mais benefícios do que apenas aprender um novo idioma. Ele mantém nosso cérebro ativo, como a mobilidade em nosso corpo, evitando assim a doença de Alzheimer e outras fragilidades mentais que vêm com o envelhecimento. Há diferentes classes para diferentes níveis de hebraico, e alguns estão estudando há mais de um ano.

“Consegui me fazer entender no hospital hoje em hebraico”, compartilhou um residente com orgulho. Outros conseguem fazer pedidos em hebraico ou responder a perguntas simples que lhes são feitas. Isso lhes dá um sentimento de conexão e de fazer parte da pátria judaica de uma forma mais profunda.

Outra maneira de aprofundar a conexão desses imigrantes recentes com Israel é ensinando-lhes as festas bíblicas. A maioria dos judeus da antiga União Soviética sabe muito pouco sobre sua herança judaica, e é por isso que aprender sobre sua própria história por meio das festas que celebramos é de grande interesse para eles.

Ao ensinar sobre o Pessach e o Êxodo do Egito, um morador disse: “Ah, agora eu entendo por que comemos matzá no Pessach”. De repente, as tradições judaicas ganharam um significado e uma compreensão mais profundos para eles.

Por meio das aulas, nossos residentes do Haifa Home se tornaram muito mais conectados uns aos outros e novas amizades se desenvolveram. Além disso, os aniversários são comemorados com bolos e bebidas no final das aulas. A professora, Maria, também dá aulas particulares de hebraico em casa para dois residentes da Ucrânia que não podem sair de casa.

“Estou esperando ansiosamente pelas aulas de hebraico, que tenho duas vezes por semana”, disse Alla.

O fato de estar sentada em uma cadeira de rodas em casa e ter que lidar com o trauma de deixar tudo na Ucrânia fez com que Alla se sentisse deprimida e abatida. Receber aulas de hebraico e arte em seu próprio apartamento lhe deu um novo desejo de viver, e um sorriso pode ser visto com frequência em seu rosto agora.

In Memoriam: Yaacov Grossman
Nosso querido residente Yaacov faleceu inesperadamente em março. Tínhamos dançado na festa de Purim poucos dias antes, e ele estava bem.

Yaacov era muito querido por todos. Todos os dias, ele caminhava até a sinagoga do bairro, onde passava a manhã inteira estudando. Ele voltava para o almoço e comia conosco antes de ir para casa descansar. Yaacov tinha 89 anos quando faleceu. A família do Lar de Haifa e sua própria família sentem muito a sua falta.

Foto principal: Uma residente do Haifa Home arruma o cabelo no salão de beleza lindamente reformado.