Resurrection Sunday 2025
Por Jürgen Bühler, Presidente da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

A Páscoa judaica, como todas as grandes festas bíblicas dadas a Israel, esconde propósitos proféticos incríveis em suas observâncias. Muitos desses propósitos redentores foram cumpridos na primeira vinda de Jesus, quando ele deu sua vida na cruz pelos nossos pecados. Até mesmo sua gloriosa ressurreição foi prenunciada na oferta das primícias da Páscoa judaica nos tempos antigos.

De acordo com a lei de Moisés, o povo de Israel era obrigado por Deus a se reunir para uma santa convocação durante as três principais épocas de colheita de cada ano – a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos (Êxodo 23:14-16). Cada festival era uma celebração de ação de graças pelas diferentes épocas de colheita no calendário agrícola de Israel.

A Festa das Primícias
A semana da Páscoa judaica consiste, na verdade, em três feriados: a Festa da Páscoa, a Festa dos Pães Asmos e a Festa das Primícias. Durante esse período, as famílias judias participavam da refeição da Páscoa judaica, comiam pães asmos por sete dias e também ofereciam uma oferta das primícias da colheita de grãos da primavera. A Páscoa judaica era frequentemente chamada de chag habikurim, ou “festa das primícias”.

“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, e segardes a sua messe, então, trareis um molho das primícias da vossa messe ao sacerdote; este moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; no dia imediato ao sábado, o sacerdote o moverá.” (Levítico 23:10-12)

Todos os anos, no primeiro dia após o Shabat, durante a semana da Páscoa, um molho de primícias (bikurim em hebraico) era movido diante de Deus. As primícias representavam não apenas o primeiro produto de cada ano, mas também toda a colheita. Paulo explica em Romanos 11:16 que “se as primícias são santas, a massa também o é…”. Isso significa que, ao separar a oferta das primícias ao Senhor, toda a colheita seria santificada aos olhos do Senhor.

Balançar as primícias diante de Deus era uma declaração de que toda a produção do ano vindouro Lhe pertencia. Ele é dono de tudo, e Sua bênção sobre a semente é crucial, pois também é Deus quem dá o crescimento.

O mesmo se aplicava a todo o gado e até mesmo a cada família. Deus disse: “Consagra-me todo primogênito; todo que abre a madre de sua mãe entre os filhos de Israel, […] é meu.” (Êxodo 13:2) Assim, para cada primogênito, havia um sacrifício simbólico trazido ao Templo para representar o primogênito da família.

Ao honrar a Deus com nossas primícias, declaramos que nossas famílias e todos os nossos bens pertencem a Ele. Isso tem grande potencial como uma grande bênção para nós. Se decidirmos dedicar nossa família e nossos bens a Deus, os submetemos à Sua Realeza e colocamos tudo sob Sua mão abençoadora. Isso significa que damos o nosso melhor a Deus, assim como Abel deu os primogênitos (bikurim) do seu rebanho e encontrou favor e aceitação diante de Deus (Gênesis 4:4).

Israel, o primogênito
Curiosamente, Deus descreveu o povo de Israel como Seu primogênito. “Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.” (Êxodo 4:22)

Isso significa que Deus concedeu a Israel a posição de primogênito entre as nações. Ao dizer isso, Deus declarou de forma bela Sua intenção de abençoar todas as nações da Terra. Lembre-se do que Paulo disse: “Se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade” (Romanos 11:16)

Ao chamar e abençoar Israel como Seu primogênito, o Criador estava declarando que também iria chamar e abençoar um povo redimido dentre todas as nações. Isso corresponde ao chamado que Deus fez a Israel desde o princípio: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:3)

De fato, foi por meio da única “semente” de Abraão, Jesus, o Messias, que essa bênção chegou a toda a humanidade (Gálatas 3:13-16).

Mas o chamado de Israel como primogênito entre as nações também traz esperança para a restauração de Israel. Ser o primogênito garantiu o privilégio de uma bênção dupla (Deuteronômio 21:15-17).

O profeta Jeremias proclamou ainda: “Eis que os trarei da terra do Norte e os congregarei das extremidades da terra […] guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão; porque sou pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito.” (Jeremias 31:8-9)

Outros profetas hebreus também previram uma futura restauração de Israel que envolveria uma dupla bênção sobre a nação (Isaías 61:7; Zacarias 9:12).

Como a herança do primogênito é assegurada por Deus, da mesma forma sabemos que Ele cumprirá todas as Suas promessas entregues a Israel.

Um túmulo vazio (Pisit Heng/Unsplash)

Jesus, o primogênito dentre os mortos
Durante a festa da Páscoa, no primeiro dia após o Shabat – ou seja, o primeiro dia da nova semana – a oferta das primícias era agitada no Templo. Os Evangelhos registram que foi nesse mesmo dia que Jesus ressuscitou dos mortos.

“No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.” (Mateus 28:1). Jesus tornou-se assim “o primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:18; veja também 1 Coríntios 15:20).

Jesus foi o primeiro a vencer a morte e, como tal, entrou nos céus e se apresentou ao Pai. Mas não o fez apenas para si mesmo, mas nEle, como primogênito, foram apresentados todos os milhões que “creriam nele e não pereceriam, mas teriam a vida eterna” (João 3:16).

É por isso que a Bíblia o chama de “primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8:29)

“Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o Teu nome […]. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.” (Hebreus 2:10-13)

De fato, Jesus é o “primogênito de toda a criação” e, portanto, tem a supremacia sobre todas as coisas (Colossenses 1:15,18). Portanto, embora possamos chamá-lo de irmão mais velho, nós o honramos e adoramos como nosso Senhor, Rei e Salvador.